29 de out. de 2008

AGRONEGÓCIO

O que esperar do agronegócio brasileiro em 2010?


Daniel Arruda Coronel*

Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro, entendido como a soma de todas as operações envolvidas na produção e distribuição dos insumos agropecuários, ou seja, a produção agropecuária, o armazenamento, o processamento e a distribuição dos produtos agropecuários, teve papel fundamental para a geração de divisas e renda, tendo o Brasil ocupado papel de destaque nas exportações de vários produtos, dentre eles, soja e derivados, carnes (bovina, suína e aves), suco de laranja e produtos do extrativismo florestal.

A crise financeira afetou significativamente os principais mercados do agronegócio brasileiro, como os Estados Unidos e União Européia, sendo que a demanda por alimentos em vários países diminui substancialmente, o que se refletiu nas exportações do setor. A crise só não foi pior para este setor porque, nos últimos anos, o Brasil buscou novos e importantes mercados tais como os países asiáticos e os do Oriente Médio.

Passados os efeitos da crise financeira, este setor tem vários desafios a superar visando a uma maior competitividade no comércio internacional, quais sejam, a falta de adequada infraestrutura e logística; as questões relativas à reforma agrária e à preservação ambiental; a desvalorização do dólar em relação ao real, o que corrobora para que as margens dos produtores sejam mais baixas, colocando em risco a rentabilidade do campo; a necessidade de uma nova política agrícola; o potencial e a sustentabilidade da bioenergia; a redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias que os principais importadores do agronegócio estabelecem. Exatamente relacionados a este quesito estão a grande importância das deliberações feitas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), o significado estratégico dos acordos regionais de comércio e o estabelecimento de novos mercados, tais como Ásia, África, Europa Oriental, Oriente Médio e a necessidade de reformas pró-competitividade, como as reformas previdenciária, tributária, trabalhista, e a maior segurança jurídica nos contratos.

Ao serem superados estes desafios, o que não é fácil, o Brasil poderá ampliar significativamente sua participação no mercado mundial referendando e consolidando a importância estratégica do agronegócio na geração de divisas, crescimento do emprego e renda, questões fundamentais para o país apresentar taxas equilibradas de crescimento.


*Doutorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Mestre em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: daniel.coronel@ufv.br

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