
Olhar Subterrâneo:
As conseqüências da desigualdade no Brasil
Por Welinton R. Nascimento
O Brasil enfim aparece em destaque no cenário internacional, tal fenômeno não é decorrência do acaso. Até conseguirmos o status de país competitivo amargamos as conseqüências da nossa história conturbada e substancialmente injusta.
Desde a colonização do país testemunhamos à inconseqüência e o desrespeito das elites quanto ao interesse da diversidade. As dizimações ocorridas com os índios e a escravização da raça negra refletem o pouco interesse dos nossos conquistadores europeus em desenvolver aqui uma pátria cujo objetivo não fosse à exploração desmedida de um continente berçário do capitalismo representado notoriamente na época pelo mercantilismo.
Dessa maneira, o poder em nossa nação sempre esteve concentrado em mãos de mecenas que pelo estreitamento de visão ao qual estavam submetidos acumulava recursos de maneira inconseqüente. As capitanias hereditárias, regime de distribuição de terras desenvolvido aqui pela coroa portuguesa, ponta pé inicial no processo de desigualdade, criando a partir da costa brasileira divisões que se aprofundavam para a região central, sendo assim os portugueses prevaleciam sobre dois outros povos definidores da nossa Nação: os negros e os indígenas. Essa desarmonia originada em tal época reflete até hoje nas dificuldades encontradas por esses dois últimos povos integrantes da nossa nação, sendo na maioria das vezes necessário a criação de políticas públicas e Leis complementares para assegurar-lhe direitos humanos e constitucionais. Até as elites brasileiras entenderem que o Brasil era desigual demais para garantir-lhes o sonho americano, isso na história recente, o povo não tinha perspectivas positivas de curto prazo em decorrência da realidade social esmagadora onde a maioria das pessoas viviam submetidas às ações inescrupulosas e desumanas das elites.
Desde a criação da primeira vila do Brasil em 1532, por Martim Afonso de Souza
O grande obstáculo do Brasil é acordar o gigante adormecido, é despertar as pessoas para uma realidade que já existe, à custa de sangue de muitos e lágrimas de outros tantos que sacrificaram as suas existência para assegurar a liberdade dos indivíduos e da coletividade, por conta da liberdade individual que as nossas conquistas democráticas asseguram é possível que aqueles cuja boa vontade é a sua principal motivação cheguem até os mecanismos de execução e de poder, isso é democracia em um país desigual. O grande prejuízo causado pela ignorância no Brasil, em decorrência da fragilização dos seus povos constituintes que hoje mesmo tendo os seus direitos de povo assegurados formalmente não conseguem reagir diante da pressão imposta pelas elites que insistem em comportar como se estivessem no século XVI. Acordar esse gigante é uma questão de sobrevivência para a nação, pois este sistema se tornou insustentável e inviável até mesmo para eles, os ricos, pois o crescimento econômico do país a partir de agora dependerá da nossa capacidade de ser uma nação democrática.
Nos moldes de um mundo capitalista é inegável que a melhor maneira de possibilitar a minimização da desigualdade social é distribuindo renda. Nos últimos tempos onde a democracia deu condições para o surgimento de um governo popular, sensível às causas estruturais do país, mesmo tendo um propósito capitalista de competitividade.
Para compreender tal realidade é fundamental abrirmos mãos das utopias que nos prende em um passado saudosista, ineficaz e romântico que ao fim, sempre prestigia a própria desigualdade e miséria. É necessário, sem dúvida conhecermos mais os direitos conquistados e se impor como Nação, de maneira a conquistarmos cada vez mais esse vasto campo que nos possibilita a democracia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário