5 de set. de 2011

Governo discute políticas para a classe média
Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR 
05/09/2011 | 08h 00 | Classe Média

Com um potencial de consumo de R$ 1,03 trilhão, quase um terço do PIB do país, a nova classe média brasileira começou a chamar a atenção do governo, que fez nesta segunda-feira um seminário para discutir políticas específicas para a chamada classe C. O dado, do Instituto de Pesquisa Data Popular, leva em conta a massa salarial (em torno de R$ 800 bilhões) e mais o crédito e benefícios disponíveis para o setor, no qual 50,5% dos brasileiros se encaixam.
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Moreira Franco, destacou que o fortalecimento dessa classe e a criação de políticas públicas voltadas para ela permitirão não só o desenvolvimento do país, como também enfrentar as adversidades do cenário internacional. As declarações foram dadas durante a abertura do seminário "Políticas Públicas para a Nova Classe Média", promovido pela SAE em Brasília.
- Não há possibilidade alguma de nós nos transformarmos numa sociedade desenvolvida se nós não tivermos uma classe média sólida, uma classe média com esperança no futuro, que saiba que os seus filhos viverão melhor que a geração de pais está vivendo – disse.
Para o ministro, a entrada de 30 milhões de pessoas na classe média na última década mostra que é possível compatibilizar crescimento econômico e distribuição de renda. Ele alertou, no entanto, que é preciso consolidar a nova classe, criando travas para impedir que essas pessoas voltem à situação anterior. Entre as medidas citadas está a valorização da meritocracia.
- Essa nova classe não tem padrinho. Ela não tem pai advogado, que permita abrir portas em escritórios. Ela não tem pai jornalista, que abre a possibilidade de frequentar as redações. Ela não tem pai diplomata, que permite levar para casa a cultura desse patrimônio nosso que é o Itamaraty. Ele tem a sua capacidade de trabalho, de estudo, de perseverar para ocupar um bom lugar. Então nós precisamos trazer a meritocracia para a sociedade brasileira como valor.
Muito crédito, pouca pouçança
Segundo o estudo da SAE "Classe média em números", feito com base nos dados do IBGE, quase metade da classe média brasileira vive no Sudeste (48%). São pessoas com renda mensal de R$ 1.100 a R$ 4.500. Em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, 45 milhões de pessoas estão nesta situação, sendo que 57% são brancos ou orientais e 43%, negros. Esse grupo responde por grande parte do consumo: seis em cada dez pessoas com computador na região estão na classe média, que conta com 16 milhões de internautas.
No Rio, 58% da população do estado integram a classe C, uma comunidade de 8,5 milhões de pessoas. Em 2003, esse percentual era de 49%, 7 milhões de pessoas. Entre 2003 e 2009, 1,5 milhão de cariocas migrou das classes mais baixas para a classe média. Segundo a pesquisa Data Popular que vem sendo usada pela SAE, 19% das pessoas de classe C planejam comprar imóvel nos próximos meses e 9,5 milhões pretendem adquirir um carro novo ou usado nos próximos 12 meses. Além disso, o estudo revela que, de todos os cartões de crédito do Brasil, 59% estão nas mãos dessa fatia da população.
— Os filhos de famílias da classe média têm hoje uma vida melhor do que seus pais tiveram. Agora esse setor começa a organizar a vida do ponto de vista familiar, com objetivos de médio e longo prazos, ele não luta mais apenas pela sobrevivência. Agora compra casa, equipa a casa e investe em estudo — afirma o ministro da SAE, Moreira Franco.
Ele aponta que há mais emprego e crédito disponível para a classe média, mas pesquisas mostram que essas famílias têm dificuldade em guardar dinheiro. O ministro observa que esta parcela da sociedade concentra muito mais jovens do que as demais classes, e que eles valorizam muito valores como a meritocracia.
— Para esses jovens da classe média a meritocracia é um valor fundamental. Eles não têm padrinhos profissionais, então é preciso democratizar as oportunidade. O valor da liberdade de escolha também é importante para eles. Todo jovem precisa ter direito a uma segunda opção. No Brasil, só os ricos têm esse direito — observa.
Moreira diz que a classe média como um todo sabe que a educação é alavanca da ascensão social, e por isso tem investido nos estudos.
— Há uma percepção de que a qualificação profissional é um ativo que amplia a competitividade. A gente já começa a sentir isso: os jovens pegam parte do seu salário para fazer um curso de aperfeiçoamento — aponta.
Segundo o Data Popular, em 2004, 5,7 milhões de pessoas da classe média tinham diploma universitário, contra 7 milhões de brasileiros da classe alta. Este ano a diferença entre os dois setores da sociedade é quase nula: 10,2 milhões contra 10,5 milhões, respectivamente. A pesquisa do instituto foi feita entre junho e julho deste ano com 16 mil pessoas em 251 cidades de 26 estados do país. Em sua base de dados, o instituto também considerou informações da Pesquina Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Da Agência O Globo.

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